segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Nossa consciência planetária está em paz ?



Amigos,

Nesse momento sinto a necessidade de mostrar-lhes algo que Carl Sagan, cientista e astrônomo americano, escreveu quando da partida da nave Voyager 1 para o espaço infinito em setembro de 1977.

Sobre a Voyager temos a dizer que nos dias de hoje parece estar já nos limites de nosso sistema solar, penetrando no chamado meio interestelar.

Está apenas 17 horas luz do planeta Terra, 18 bilhões e mais de quilômetros daqui.

Pode ser que você já tenha lido este texto, mas cabe como séria e grave reflexão em nossos tempos.

...


A pedido de Carl Sagan, a Voyager 1 ao passar pela orbita de Saturno se voltaria para a Terra tirando sua última foto de nosso planetinha.


...

"A espaçonave estava bem longe de casa. 

Eu pensei que seria uma boa idéia, logo depois de Saturno, fazer ela dar uma última olhada em direção de casa. 

Desde Saturno, a Terra apareceria muito pequena para a Voyager apanhar qualquer detalhe: nosso planeta seria apenas um ponto de luz, um "pixel" solitário. 

Dificilmente distinguível de muitos outros pontos de luz que a Voyager avistaria: planetas vizinhos, sóis distantes. 

Mas, justamente por causa dessa imprecisão de nosso mundo assim revelado... valeria a pena ter tal fotografia.
Já havia sido bem entendido por cientistas e filósofos da antiguidade clássica, que, a Terra era um mero ponto em um vasto cosmos circundante. 

Mas ninguém jamais a tinha visto assim. Aqui estava nossa primeira chance. E talvez a nossa última, nas próximas décadas.
Então, aqui está — um mosaico quadriculado estendido em cima dos planetas, e um fundo pontilhado de estrelas distantes. 

Por causa do reflexo da luz do sol na espaçonave, a Terra parece estar apoiada em um raio de sol, como se houvesse alguma importância especial para esse pequeno mundo — mas é apenas um acidente de geometria e ótica. 

Não há nenhum sinal de humanos nessa foto. 

Nem nossas modificações da superfície da Terra, nem nossas máquinas, nem nós mesmos. 

Desse ponto de vista, nossa obsessão com o nacionalismo não parece em evidencia. 

Nós somos muito pequenos. 

Na escala dos mundos, humanos são irrelevantes — uma fina película de vida num obscuro e solitário torrão de rocha e metal.

Olhem de novo para esse ponto. 

Isso é a nossa casa, isso somos nós. 

Nele, todos a quem ama, todos a quem conhece, qualquer um dos que escutamos falar, cada ser humano que existiu, viveu a sua vida aqui. 

O agregado da nossa alegria e nosso sofrimento, milhares de religiões autênticas, ideologias e doutrinas econômicas, cada caçador e colheitador, cada herói e covarde, cada criador e destruidor de civilização, cada rei e camponês, cada casal de namorados, cada mãe e pai, criança cheia de esperança, inventor e explorador, cada mestre de ética, cada político corrupto, cada superstar, cada líder supremo, cada santo e pecador na história da nossa espécie viveu aí, num grão de pó suspenso num raio de sol.
A Terra é um cenário muito pequeno numa vasta arena cósmica. 

Pense nos rios de sangue derramados por todos aqueles generais e imperadores, para que, na sua glória e triunfo, vieram eles ser amos momentâneos duma fração desse ponto. 

Pense nas crueldades sem fim infligidas pelos moradores dum canto deste pixel aos quase indistinguíveis moradores dalgum outro canto, quão frequentes as suas incompreensões, quão ávidos de se matar uns aos outros, quão veementes os seus ódios.
As nossas exageradas atitudes, a nossa suposta auto-importância, a ilusão de termos qualquer posição de privilégio no Universo, são reptadas por este pontinho de luz frouxa. 

O nosso planeta é um grão solitário na grande e envolvente escuridão cósmica. 

Na nossa obscuridade, em toda esta vastidão, não há indícios de que vá chegar ajuda de algures para nos salvar de nós próprios.
A Terra é o único mundo conhecido, até hoje, que alberga a vida. 

Não há mais algum, pelo menos no próximo futuro, onde a nossa espécie puder emigrar. 

Visitar, pôde. 

Assentar-se, ainda não. 

Gostarmos ou não, por enquanto, a Terra é onde temos de ficar.
Tem-se falado da astronomia como uma experiência criadora de firmeza e humildade. 

Não há, talvez, melhor demonstração das tolas e vãs soberbas humanas do que esta distante imagem do nosso miúdo mundo. 

Para mim, acentua a nossa responsabilidade para nos portar mais amavelmente uns para com os outros, e para protegermos e acarinharmos o ponto azul pálido, o único lar que tenhamos conhecido."

Carl Sagan

...

Temos de refletir sobre tudo que o homem tem feito ao planeta e a todos os seres viventes, incluindo nós mesmos.

Nossa consciência está em paz com tudo isso ?

Como cidadão desse planeta pergunte sua consciência sobre seu papel em tudo isso.

Obrigado
João Aguilar.

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