Uma história de posicionamento

Certa vez tive de substituir um excelente professor.

Considerado por todos os seus alunos o melhor, todos gostavam demais dele.

Entre o primeiro e o segundo semestres, nas férias de julho, ele assumira um cargo de maior responsabilidade junto a direção e eu, que naquela época tinha disponibilidade de horários, pude assumir quase que integralmente sua carga horária em um dos colégios.

Aquela grade perfeita, sem nenhuma “janela”, coisa mesmo de grandes professores.

Pois bem, substituir de forma definitiva alguém com a capacidade dele é algo que não acontece todo dia.

O que fazer então para me posicionar ? 

Mostrar meu trabalho e não criar aquela barreira natural que seus alunos fatalmente iriam criar.

 É claro, quando se perde um bom professor as comparações são inevitáveis e o surgimento das chamadas “viúvas” seria inevitável.

Um raio de luz me iluminou naquela ocasião.

Em todas as turmas eu dizia aos alunos :

“- Calma gente ... ele vai voltar...

Ele está apenas resolvendo umas questões pessoais mas logo estará com vocês de novo.”

E o tempo foi passando, uma semana, duas, quatro... e lá pela sexta semana, depois que eles, já me conheciam o bastante, eu disse :

“- Bem meus amigos, o professor C. não vai voltar mais, ele assumiu novas funções junto a diretoria e não tem mais tempo para suas aulas. 

Eu sou o professor de vocês ! ”

Aconteceu um murmúrio, mas nada de formação de viúvas, afinal eu já me tornara bem conhecido deles, já estavam aprendendo muito bem comigo e percebiam que a suposta “perda” não fora tão grande.

Lá eu ainda permaneci por uns 12 anos conjugando com minhas aulas na universidade.

Bem, eu conto isso para dizer-lhes que muitas vezes uma mentirinha sem nada torpe por trás, com certeza, traz benefícios para todos os lados.

Todos saíram e ainda estão  felizes com essa história.

Esse exemplo de posicionamento foi usado muitas vezes depois, pelo mesmo professor que substituí, orientando outros professores.

Obrigado

João Aguilar.